AMPA-SIMPA: 35 ANOS DE LUTA DA CATEGORIA DOS MUNICIPÁRIOS!

 EU de cavanhaque, fazendo discurso décadas atrás na Esquina Democrática, construindo a ferramenta de luta como presidente da AMPA-SIMPA Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, no vídeo comemorativo aos 35 ANOS DE LUTA DA CATEGORIA DOS MUNICIPÁRIOS DA AMPA AO SIMPA !







INDOLÊNCIA: TÁTICA PARA A PRIVATIZAÇÃO DO DMAE

 

Ao tomar a decisão de agregar a estrutura do Departamentos dos Esgotos Pluviais (DEP) a estrutura do Departamento Municipal de água e esgotos (DMAE), a Prefeitura Municipal resolveu um antigo problema de qualidade na Prestação de serviços à comunidade de nossa cidade, mas criou um problema maior para o DMAE por não alocar os recursos necessários para o desenvolvimento da atividade de drenagem. A incorporação das atividades do antigo DEP as atividades do DMAE, pode parecer lógica numa análise conjuntural sobre saneamento, porém a forma açodada como foi feita em Porto Alegre trouxe mais problemas que soluções. A Administração da cidade simplesmente transferiu a estrutura do DEP com alguns funcionários e junto com ela todo o passivo de problemas estruturais de conservação de redes de drenagem e estações de bombeamento, sem a locação de nenhum recurso para investimentos. Todos nós sabemos que o único recurso que se poderia contar para essa tarefa seriam os oriundos da tarifa 3 de esgoto do DMAE, que tende ao longo tempo ser extinta, devido a ampliação das redes coletoras de esgoto sanitário. Toda a estrutura de drenagem urbana foi incorporada ao DMAE e este passou a assumir todo o passivo de problemas de redes obsoletas, má conservação e estação de bombeamento degradadas. Tudo foi absorvido pela estrutura e orçamento do DMAE, com recursos oriundos das tarifas de água e esgotos.

A tarifa de esgoto sanitário cobrada pelo DMAE, já a algum tempo está defasada e carece de um novo estudo de reestruturação, o que agravou ainda mais com a agregação da drenagem urbana a sua estrutura, onde alguns investimentos planejados tiveram de ser divididos com o novo irmão agregado.

A saga privatista segue entranhada nos gabinetes de nossa Prefeitura Municipal e o Prefeito Melo, quer conceder o DMAE a iniciativa privada. A justificativa para tal é de que a Autarquia Municipal não possui recursos para fazer investimentos necessário para atender o que preconiza o Plano Nacional de Saneamento no tocante a coleta e tratamento dos esgotos (90% com coleta e tratamento de esgotos até o ano de 2033). Sabemos que hoje o DMAE coleta e trata mais de 62% dos esgotos gerados por nossa cidade e possui uma capacidade de tratamento de mais de 80%. Existem várias obras de redes coletoras e ampliações do sistema de captação e condução dos esgotos em andamento que melhorarão esses indicadores. O que nos chama atenção é que o Prefeito, que possui boa parte do Legislativo em suas mão, não toma a iniciativa de negociar uma reestruturação tarifária de esgoto sanitário, com a drenagem urbana, o que alavancaria os recursos necessários para os investimentos preconizados no Plano Nacional de Saneamento e alavancando os recursos necessários para os próximos 10 anos, a partir dos 300 milhões existentes em caixa do DMAE. O Governo Municipal desiste de tratar um membro (realinhar a tarifa de esgoto), preferindo sacrificar o corpo todo (concessão do DMAE), isso é incompetência, má vontade ou falta de coragem. Temos um novo Governo em Brasília, que já deu mostras de sua contrariedade com a política de concessões e se propõe a abrir o caixa do BNDES e CEF para disponibilizar os recursos para a melhoria dos indicadores do saneamento em nosso país e mesmo assim os ocupantes do Paço Municipal não parecem sensibilizados com essa ideia, trabalham única e exclusivamente com a ideia de concessão desses serviços. Todos sabemos que o DMAE é um órgão superavitário e já deu mostras de sua capacidade de empreender e enfrentar desafios, graças a capacidade de seu qualificado corpo funcional, que apesar de reduzido consegue ainda dar as respostas necessárias aos estímulos de fazer saneamento de qualidade para Porto Alegre.

Um órgão que teve a ousadia e a capacidade de implantar um Programa Integrado socioambiental em nossa cidade, com investimentos vultuosos superiores a 600 milhões de reais, na época, e que entre outras coisas elevaram a nossa capacidade de tratamento de esgotos de 27% para 80%, agora se sente incapacitado buscar financiamentos e ou investir com recursos próprios para aumentar sua eficiência no processo de tratamento de esgotos. Enquanto isso constatamos que no final de 2022, sobra 300 milhões de reais em caixa. Ora, o Governo Municipal prefere fazer caixa e especular no mercado financeiro em detrimento a investimentos no setor de saneamento, alegando que não há recursos para tal. É um contrassenso total. Isso é o que comumente chamamos de incapacidade de gestão administrativa.

Engenheiro civil, diretor do Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul (Senge-RS), conselheiro do Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre (DMAE) e conselheiro da Astec

LIVRO DIÁRIO DE UMA PANDEMIA

 




                                                DIÁRIO DE UMA PANDEMIA

Dois Anos de Covid-19

PREFÁCIO

“Diário de uma Pandemia - dois anos de Covid-19”, de Celso Afonso Lima, resgata semana a semana os principais acontecimentos dos anos de 2020, 2021 e até a metade de 2022. As medidas de isolamento impuseram a centenas de milhões de pessoas em todo o mundo modificações no comportamento e romperam o convívio social físico humano. Celso Afonso Lima desenvolveu um verdadeiro método para enfrentar o isolamento: acompanhava diariamente a imprensa, confrontava as notícias com informações balizadas, avaliava sua importância e pertinência, e escrevia! O cultivo da escrita, de uma escrita sistemática e racional, pautada por valores de convivência, pela vida, enfrentou as variadas expressões da necropolítica do governo Bolsonaro, e essa luta em que a pena é a espada, convertia-se na própria arma de Celso Afonso Lima contra a ansiedade e a solidão da pandemia.

A intensidade da pandemia favorece seu esquecimento, mas a verve de Celso não aceita entregar a experiência de mão beijada. Ao aceitar integralmente as armas da razão, Celso, desliza para outras racionalidades, incorpora reflexões indígenas, reorienta seu pensamento, refaz seu humor, toma um gole de água para aliviar sua enorme sede de justiça, e nos oferece a expressão de força e esperança em seguir sua jornada, que é nossa, de todas e todos.

O sofrimento que todos conhecemos, se não negamos a gravidade do que se passou nos dois primeiros anos de pandemia aqui no Brasil, o sentimento de ficarmos incertos sobre a nossa sobrevivência fez com que jogássemos com todas as nossas fichas, e Celso Afonso Lima jogou pesado. Suas fichas mostraram uma grande capacidade de pesquisa e avaliação, suas fichas carregaram o alto valor de sua inconformidade e, sobretudo, expressaram grande carga de esperança. Todo o diário é permeado de afeto, são textos construídos com grande esmero, cheios de informações e confrontações, escritos para leitoras e leitores sensíveis, que quisessem e queiram saber sobre a importância do autocuidado social, da democracia e a importância do Estado para a vida nas sociedades contemporâneas, uma elucidação franca e amigável.

Lembranças, amizades, leituras, músicas, a televisão, tempos de universidade, passeios de mãos dadas, seus cabelos a crescer, poesia, literatura e filosofia, tudo se acumula no texto de Celso pela sobrevivência. A inconformidade com a ameaça permanente de morte, com a estupidez do poder, com a ignorância e a irracionalidade é atenuada pela exposição dos fatos e confrontação dos argumentos, como quem se abaixa, levanta a cabeça da criança e a anima com uma explicação. Texto doloroso pelo que evoca, momento duríssimo para todos, acaba por apaziguar pela razão a angústia de continuarmos sobrevivendo ao fascismo, às milícias e à pandemia.

 

Tiago de Castilho Soares

Doutor em Sociologia Política/UFSC

Autor do livro “Désceo Machado nas chanchadas do CBN Brasil”


DIÁRIO DE UMA PANDEMIA

Dois Anos de Covid-19

 

NOTA DO AUTOR

                Quando a pandemia de Coronavírus se espalhou rapidamente pelo mundo e chegou até o Brasil, do norte ao sul do país, ficamos estupefatos com a avalanche de novos acontecimentos amedrontadores que alteravam nossas rotinas cotidianas. Os termos dominantes nos meios de comunicação de massa e nas redes sociais passaram a ser o uso de máscaras, isolamento social, uso de álcool gel e fique em casa.

Já no mês de março de 2020 dominavam os telejornais as divulgações dos números de novos casos de infectados de coronavírus e de mortes diárias por causa da pandemia de Covid-19, a gripe que o vírus causa provocando graves insuficiências respiratórias. Atônitos ficávamos apreensivos diante dos gráficos que demonstravam o assustador crescimento da gravidade da pandemia em nosso país, em nossa cidade e no nosso bairro. A Covid-19 estava entre nós, onde chegou acelerada e pegando geral.

Como é do meu hábito cultural, em situações de prolongados estresses a minha terapia de autoajuda costuma ser escrever crônicas ou versos narrando os episódios e suas implicações e desdobramentos. Nesse caso percebemos todos que estávamos diante de uma calamidade pública que mudaria radicalmente nossas vidas por um longo período.

Combinando a pandemia com a conjuntura política do Brasil, sob um governo negacionista, percebi que viveríamos numa batalha inesgotável de conflitos diários contra os preceitos científicos de combate à pandemia de Covid-19, pois o bolsonarismo estava sempre negando os protocolos recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotados por todos os países do mundo.

Então comecei a fazer anotações dos principais fatos ocorridos diariamente, e passei a assistir religiosamente os telejornais para receber a minha overdose diária de más notícias sobre mortes e sofrimentos pelos sintomas da Covid-19 e pela falta de acesso aos hospitais superlotados. Bem como passei a registrar as peripécias e manobras negacionistas do governo bolsonarista para minimizar o que chamava de “gripezinha”. Comecei assim a escrever este meu Diário de Uma Pandemia, para me convencer a cada dia que no dia seguinte a luta pela sobrevivência consistiria em continuar isolado de quarentena em casa.

Com a população em isolamento social e usando máscaras nas saídas essenciais de casa, naquela época tinha muita gente trabalhando em home office e fazendo lives e vídeos com suas narrativas chamadas de podcasts nas redes sociais. Foi então que, em meados do mês de março de 2020, me animei a gravar no meu celular um vídeo com eu fazendo a leitura de um texto meu sobre a Subnotificação dos casos e mortes pela pandemia no Brasil. Foi assim que me tornei uma espécie de Youtuber, passei a postar no meu canal no Youtube minhas leituras para divulgar os textos do meu Diário de Uma Pandemia.

Logo em seguida recebi uma dica de que, ao invés de fazer a leitura dos meus textos impressos em folhas de papel, eu devia usar um aplicativo de teleprompter e ler os textos diretamente na tela do celular, evitando assim os desvios de olhar e tornando mais padrão “Jornal Nacional” a comunicação com o meu telespectador, por parecer estar falando de improviso.

A partir de então, obtendo algumas visualizações nas redes sociais do Youtube, Facebook e Instagram, fiquei estimulado a continuar desenvolvendo em forma de crônicas os registros dos episódios da tragédia diária que estávamos todos vivenciando, e a divulgar a leitura dessas crônicas do Diário de Uma Pandemia em vídeos nas redes sociais.

Ao final, no terceiro ano da pandemia do Covid-19, já tinha preenchido com anotações em manuscritos cinco cadernos do tamanho de um livro, que se transformaram em 42 crônicas divulgadas em vídeos. Crônicas essas que agora estou publicando aqui, neste formato de livro, que ainda é o arquivo ideal para os textos literários serem guardados.

Faço esta publicação sobretudo por que acredito que as narrativas das ocorrências registradas neste livro, quer sejam trágicas, pitorescas, grotescas ou ideológicas, descrevem a trajetória de uma realidade inimaginável antes e inacreditável no futuro, se não estiver acompanhada da descrição evolutiva diária dos fatos ocorridos. O fato é que durante esta Pandemia de Covid-19 a nossa geração vivenciou uma realidade de um surrealismo ficcional cinematográfico. De tal forma que as gerações futuras não vão acreditar, com a devida dimensão, por tudo o que a gente passou e sofreu de angústias e medos, se não for narrado com o pânico do realismo minucioso do dia-a-dia, como o descrito neste Diário de Uma Pandemia: Dois Anos de Covid-19.

Junho de 2022

Celso Afonso Lima

A PRIMEIRA DÉCADA DA MINHA APOSENTADORIA

 


Estou comemorando dez anos

Da maior conquista da minha vida

Uma aposentadoria com salário integral

Por uma regra que no Brasil não é mais o normal

E a liberdade de andar sem mais correrias

Contra o relógio ponto pelas ruas da cidade

E poder reduzir o ritmo afinal, pela idade

Pra caminhar observando o sol

Nos jardins dos edifícios nos arredores

E os detalhes coloridos de suas flores

Como que pintadas ou bordadas

Por inspirações superiores

E se encantar com as cores que voam livres

Nas asas das borboletas inquietas

Sob o olhar sentinela dos gatos

Nos solários dos peitoris das janelas

Indiferentes aos cães nas calçadas

Que puxam seus donos pelas coleiras

Para fazer xixi no tronco dos ipês coloridos

Ou cocô no canteiro de um florido jacarandá

Estou comemorando uma década

De uma aposentadoria muito bem usufruída

Sem tédio ou ansiedade, com as horas bem distribuídas

Com tempo suficiente para se deter

Para ver o sol poente colorir o céu

E tingir de dourado ou rubro o rio Guaíba

Como que pintados por pincéis de artistas

Misturando Frida Kahlo com Van Gogh

E também admirar o céu noturno

Que as fases da lua do seu jeito clareiam

Com as respectivas estrelas que a rodeiam

Nas diferentes estações anuais

Estou comemorando os primeiros dez anos

De uma liberdade que me custou

Quarenta longos anos de cativeiro

Por uma aposentadoria libertária

Modéstia à parte merecida

E que tem correspondido às minhas expectativas

Pois tenho, finalmente, realizado

Aquilo que sempre sonhei e busquei

Não só para escrever poemas e crônicas

Coisas que faço desde a adolescência

Mas principalmente para compartilhar na internet

Em tempo real, tudo o eu que criar de novo

E também o que está engavetado a vida toda

Em papéis amarelados pelo tempo e roídos pelas traças.

Nesta comemoração faço um brinde especial

Ao engenheiro servidor público que fui fazendo carreira

Que por sua consciência social da função teve persistência

Até se aposentar neste período de perdas dos direitos da previdência

E saúdo o meu Lado B libertado com voz ativa

Que com audácia assumiu as rédeas da minha vida

Publicando vídeos feito um influenciador youtuber

Com as criações literárias do meu vício de escrever

Bem como fez a edição do meu livro Memórias

Com as crônicas do meu blog Diário de Um Aposentando

E realizou a gravação de três CDs de músicas

Com músicos e arranjos profissionais nas canções

De antigas e novas composições de minha autoria.

Estou comemorando o período de 2011 à 2021

Que se encerrará com dois novos livros meus:

Pandemia de Versos e Diário de Uma Pandemia 

Avaliando que na próxima década preciso focar mais

Em desengavetar de vez meus escritos encalhados

Que ainda são muitos projetos inacabados

Preciso fazer isso como quem esvazia as gavetas

Se preparando para a definitiva viagem

Para a qual não se leva bagagem

Pois não sei quantas décadas mais terei

E antes de dar por cumprida a minha missão aqui

Preciso viver cada década como se fosse a última

Para que, de mãos abanando pra quem fica

Na hora certa eu possa partir sem lástimas

Por ter, enfim,  deixado até a minha derradeira dica.

                                                                 09/10/2021

                                                                 Celso Lima

Veja o Vídeo declamado no youtube:

https://www.youtube.com/watch?v=ZINaY31aEEc&ab_channel=CelsolYoutuberCelsoAfonsoLima